Toxicidade
Quando usado durante curtos períodos de tempo e em doses baixas (MNSRM), o ibuprofeno não apresenta risco elevado de toxicidade gastrointestinal, ao passo que o seu uso prolongado pode provocar gastrite ou úlcera no estômago, pois há um bloqueio da produção da barreira de protecção da mucosa gástrica.
Doentes com historial de úlcera péptica e outras patologias gastrointestinais devem ter cuidados acrescidos, uma vez que podem ver as suas condições agravadas com a toma deste fármaco.
Estes e outros efeitos gastrointestinais podem ser evitados ou diminuídos, especialmente em terapêuticas de longa duração, se for indicado o uso de um inibidor das bombas de protões. [1,2]
Os efeitos cardíacos associam-se mais uma vez a terapêuticas longas, por vezes meses, pois as terapêuticas curtas e de baixas dosagens não trazem assim tantos riscos.
É possivel observar no aparelho cardiovascular elevadas concentrações de COX-1 em plaquetas e células endoteliais vasculares. Esta enzima está associada à vasoconstrição e é a responsável pela produção de tromboxano A2 (TX A2), resultando num efeito pró-trombótico que leva a um aumento da adesão e agregação plaquetária.
Assim sendo, é recomendada a toma de ibuprofeno e aspirina em horas separadas porque existe a possibilidade do ibuprofeno reduzir o efeito anti-plaquetário da aspirina, reduzindo a sua eficácia no que diz respeito ao efeito anti-trombótico devido á competição do ibuprofeno pela COX-1. [3]
Tal como os restantes AINEs, o ibuprofeno apresenta um risco baixo de provocar toxicidade renal, no entanto, em alguns casos pode ocorrer, principalmente quando administrado em doses elevadas, O risco é aumentado em doentes com caracteristicas especiais, como é o caso de individuos com função renal comprometida e idosos, que muitas vezes possuem também doenças reumáticas.
Os efeitos tóxicos do Ibuprofeno estão aumentados quando se utiliza em associação com diuréticos, recomenda-se cautela ao iniciar o tratamento com ibuprofeno em pacientes com desidratação significativa. [4]
A hepatoxicidade do ibuprofeno está mais ligada à associação deste com outros fármacos do que à toma isolada, enquanto tomado em doses baixas e por um curto período de tempo.
Nas patologias em que é exigida a toma do ibuprofeno em doses moderadas, por períodos de tempo prolongado e associados com outros fármacos, é recomendado o doseamento das enzimas hepáticas e testes de função hepática oito semanas após o inicio do tratamento, uma vez que os sintomas hepáticos são raros e difíceis de monitorizar.
Caso se verifique um aumento das aminotransferases, diminuição de albumina sérica ou tempo de protrombina prolongado, a toma de ibuprofeno deve ser imediatamente suspensa. [5]
É recomendada precaução na administração de ibuprofeno especialmente a pacientes com asma, pois existem relatos de broncospasmos (estreitamento das vias aéreas) nestes pacientes. [3]
[1] Brenol JCT, Xavier RM, Marasca J. Antiinflamatórios não hormonais convencionais. Rev Bras Med 2000; 57.
[2] Hardman JG, Limberd LE, Molinoff PB, Ruddon RW, Gilman AG, Goodman and Gilman’s. The pharmacological basis of therapeutics. 9ed. New York: Mc Graw-Hill, 1996:617-58.
[3] FitzGerald GA. COX-2 and beyond; approaches to prostaglandin inhibition in human disease. Nat Rev Drug Discov 2003, London; (2): 879-90.
[4] Huerta C; Castellsague J; Varas-Lorenzo C; Garcia Rodriguez LA. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and risk of ARF in the general population. Am J Kidney Dis 2005; (3):531-9.
[5] Rostom A; Goldkind L; Laine L. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and hepatic toxicity: a systematic review of randomized controlled trials in arthritis patients. Clin Gastroenterol Hepatol 2005; (5):489-98.